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No post “As motos de Sons of Anarchy“, eu expliquei um pouco sobre as club bikes, que é como são chamadas as motos dos grandes MCs Outlaws americanos. Elas são uma visão comum em alguns lugares como a Califórnia, e esse estilo de moto acabou ganhando alguns adeptos por aqui graças ao seriado Sons of Anarchy.
Em resumo, club bikes são motos customizadas para serem rápidas e ágeis, onde a função vem antes da forma. Muita gente torce o nariz ao ouvir falar em desempenho e Harley na mesma frase, e repetem o falso adágio “Harleys não foram feitas para correr”. Mas acontece que nesses MCs, desempenho é extremamente importante: ao contrário da imagem do trem de motos andando lentamente pelo deserto americano, esses caras costumam andar em formação a mais de 170km/h, com pneu colado com pneu, costurando pelas highways. Sem falar que são motos capazes de fugir da polícia, caso necessário.
Alguns exemplos de Dynas no estilo Club Bikes:
Desde a metade dos anos 90, a Dyna é sem dúvida alguma a club bike favorita, já que ela é um pouco mais leve, combina bem com comandos centrais e possui uma posição de pilotagem mais alta que as Softails (o que favorece a ciclística nas curvas). Mas por muitos anos, a menina dos olhos dos clubes foi uma moto pouco conhecida por aqui, mas que até hoje é disputada a tapa entre as usadas: a Harley-Davidson FXR.
Lançada em 1982, a FXR teve em sua equipe de projetistas ninguém menos do que Eric Buell. Na época do seu lançamento, era uma moto que prometia entregar o mesmo desempenho das esportivas japonesas e européias, mas movida com o puro V-Twin americano. Seu banco mais alto, assim como as pedaleiras centrais também mais altas, a tornavam a Harley com o maior ângulo nas curvas que já havia existido. O quadro era bem rígido e reforçado, com diversas soldas feitas à mão, uma vantagem que seria justamente o seu calcanhar de Aquiles anos mais tarde: fabricá-lo custava muito caro.
Seu primeiro motor foi o Shovelhead de 80ci (1.300cc), sendo substituído pelo excelente EVO em 1985. Ela era altamente estável em altas velocidades, já que usava mais pontos de fixação entre a transmissão e o motor, o que fazia com que ela se comportasse como um motor de construção única. Curiosamente, essa é justamente uma das falhas de projeto que faz com que muitos proprietários da Dyna usem acessórios como o True-Track para estabilizar o chassi.
Mas no final dos anos 80, temendo que a FXR ficasse muito similar com as motos importadas e não entregasse a “imagem” que os consumidores esperavam de uma Harley, os projetistas começaram a trabalhar na Dyna, cuja a missão era ser uma FXR mais barata de ser fabricada, mas com qualidades semelhantes. Quando foi lançada em 1991, a Super Glide começou a canibalizar a linha FXR, e em 1995 a linha Dyna já substituía todas as FXRs. Alguns modelos ainda foram fabricados em 1999 e em 2000, como edições especiais da linha CVO, mas são raridades.
Muitos dizem que a FXR é a Harley com a melhor ciclística que já existiu, o que é altamente discutível graças aos avanços da engenharia das últimas décadas (sem falar que também existiram motos como a XR, cujo o único objetivo era ser boa de curvas). Mas a verdade é que não importa: é uma moto que deixou saudade, e conquistou seu lugar para sempre no hall da fama de Milwaukee.
E para quem não lembra, uma FXR é também uma das motos mais famosas do cinema:
Por: http://olddogcycles.com/