Páginas

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

HISTORIA DA MOTOCICLETA E DOS PRIMEIROS MOTO CLUBES.

História do Motociclismo e da Motocicleta !!!

LIBERDADE…. talvez a melhor forma de expressar o sentimento do motociclsta, o prazer de viajar sobre duas rodas, sozinho! na companhia do seu amor! ou com seus melhores amigos! é indescritível… claro que tudo isto feito com muita responsabilidade e respeito a si mesmo e aos outros, portanto, é com muita felicidade que desejamos um FELIZ DIA DO MOTOCICLISTA de 2010 e que esta data, estenda-se a todos os dias do ano !!!!

Segue uma breve história da invenção da motocicleta, até o primeiro motociclista de que se tem registro, com base no livro Motocicleta, de Fausto Macieira. Confira!
A Bicicleta
A necessidade sempre moveu o homem para as grandes descobertas. Desde a primeira invenção, que teria acontecido muito antes de Jesus Cristo, até os celulares multifuncionais de hoje em dia, tudo passa mente capciosa do ser humano. Não foi diferente com a motocicleta. A angústia por uma locomoção um pouco mais veloz que o andar fez com que o Conde de Sivrac, em 1790, inventasse o Celerífero, junção das palavras em latim celer (rápido) e fero (transporte). Ele uniu duas rodas do mesmo tamanho por meio de uma pequena tábua de madeira, onde o "condutor" sentava. Embora não fosse de fácil condução, o “veículo” foi sucesso imediato e logo virou mania, especialmente entre os jovens, apesar das dificuldades para apontá-lo na direção desejada.

Celerifero

Entretanto, a corrente majoritária sobre este assunto afirma que o conceito básico da bicicleta é de um alemão, o barão , um oficial florestal. No dia 5 de abril de 1818, ele apresentou o veículo no Jardim de Luxemburgo, em Paris. Neste mesmo ano Drais realizou uma viagem de 36 quilômetros entre as cidades de Beaun e Dijon, a uma velocidade média de 15km/h. Depois da bem sucedida jornada, Drais iniciou a produção para venda das chamadas draisianas.

A Tração
A criatividade, ainda que um tanto excêntrica, seguia em alta no século XIX. Em 1820, o escocês Kirkpatrick McMillan obteve a tração da roda traseira. Foi a partir dessa descoberta que os ciclistas puderam se movimentar sem colocar os pés no chão. Depois de muitos anos, em 1861, os franceses Pierre, um ferreiro, e Ernest Michaux, filho dele, na época com apenas quatorze anos, construíram o velocípede, uma bicicleta com pedais (no formato da de McMillan) adaptados à roda dianteira, iniciando a produção para venda.
A bicicleta já despertava interesse de todo mundo e em 1866, Bin Chun chegou em Paris. O chinês, que já havia percorrido a Inglaterra e a Alemanha atrás de informações da bicicleta, levou suas anotações precisas para “casa” e em apenas três décadas o veículo tornou-se a principal alternativa de transporte na China e na Índia. Um sucesso, mas ainda muito primitiva, era assim que o invento era visto antes das inovações do inglês James Starley. Batizada de Rover, essa bicicleta trazia rodas do mesmo diâmetro, chassi feito em tubos de aço, guidão integrado ao suporte da roda dianteira e os freios eram a tambor. Os pedais, acoplados a uma engrenagem, movimentavam uma corrente de transmissão que gerava a força motriz da roda traseira.
O Pneu
Quando a bicicleta passou a dispor de suas características principais um novo problema precisava ser solucionado: as rodas eram de madeira, ferro ou borracha maciça, comprometendo o conforto e a dirigibilidade. Essa restrição só foi superada em 1887, quando o veterinário escocês John Boyd Dunlop imaginou uma espécie de sobrerroda: um tubo de borracha oco, preso à roda por meio de uma tela de brim e inflado com uma bomba de ar. Nascia o pneu! Na França, os irmãos André e Édouard Miclelin contribuíram para o rápido aperfeiçoamento dos “calçados’.

jbdunlop3
John Boyd Dunlop

Enfim, o Motor
Os componentes básicos de uma motocicleta são: duas rodas e um motor. Com as duas rodas em constante evolução, faltava um motor para o nascimento da moto. Na versão norte-americana, o inventor foi Sylvester Howard Roper, nascido nos EUA. Roper criou um sistema de propulsão a vapor em 1869 e, embora muito perigoso, fez sucesso em suas exibições. Muito barulhenta e fedida, ela assustava os cidadãos da época, além do fato de espantar os cavalos que transportavam os poderosos de então.
Em 1895, numa parceria com a poderosa fábrica de bicicletas Pope, Roper desenvolveu uma versão aperfeiçoada da bicicleta a vapor. Na época, as motocicletas com motores a combustão estavam se tornando viáveis, e a experiência de mais de 30 anos credenciava Roper a fazer o mesmo com os propulsores a vapor. Foi quando o excêntrico inventor apresentou um veículo melhor, com mais autonomia, reaproveitando o carvão em um compartimento fechado, que, ao mesmo tempo, reduzia o mau cheiro. Em 1º de junho de 1896, Roper decidiu que seu engenho estava pronto para ser exibido ao público.

RoperMotorcycle[4]
Sylvester Roper steam motorcycle

Foi quando ele partiu para a pista de corrida de Charles River, e desafiou os pilotos de bicicleta a acompanhá-lo. Com 73 anos de idade, Roper conseguiu uma média de 48km/h na pista de madeira, deixando seus adversários para trás. Empolgado, ele tentou uma nova volta rápida para melhorar sua própria marca, foi quando a frente da bicicleta começou a oscilar, jogando Roper para fora da pista já morto. Todos pensavam que o tombo teria o matado, mas um exame feito depois confirmou um infarto fulminante.  
Nota-se já desta época a vontade de competir, mesmo que por motivações financeiras ou científicas. Nessa época cheia de descobertas, os inventos de Roper não foram suficientes para tornar o motor a vapor adequado para mover veículos leves como a motocicleta, mas inspiraram aperfeiçoamentos em locomotivas e navios. A história de Sylvester Roper é verídica, mas a paternidade da invenção da motocicleta é contestada.
O motor de combustão interna prevaleceu desde a sua criação e é um dos pilares na construção da motocicleta. Voltando um pouco no tempo, em 1860, na França, já existia um propulsor de combustão, alimentado por gás e fagulha de combustão interna, criado pelo engenheiro belga Jean-Joseph Étienne Lenoir, que era mais compacto e eficiente que os motores a vapor.
O “Cara”
Entretanto, a história aponta um engenheiro mecânico chamado Gottlieb Wilhelm Daimler como o inventor da motocicleta. Nascido em 17 de marco de 1834, este alemão começou cedo a desenvolver suas invenções na engenharia mecânica. Em 1857, após se formar e depois de trabalhar em alguns lugares pela Europa, inclusive com Lenoir, onde se entusiasmou com os motores de combustão interna, Daimler chegou à alemã Gasmotoren-Fabric Deutz, dirigida pelo famoso engenheiro Nikolaus August Otto. Em 1872, Daimler participou do projeto do motor de combustão interna desenvolvido por Otto, o famoso Ciclo de Otto, que está nos carros até hoje.

GottliebWDaimler
Gottlieb Wilhelm Daimler

O Ciclo Otto de Quatro Tempos: 1 – Admissão: com a    válvula de admissão aberta e a de escape fechada, a mistura de vapor de gasolina e ar entra no cilindro. 2 – Compressão: com ambas as válvulas fechadas, a mistura é comprimida através do movimento de ascendente do pistão. 3 – Combustão: a mistura é detonada através da ação de uma centelha (faísca) produzida pela vela, produzindo uma expansão dos gases que então empurram o pistão para baixo, produzindo trabalho útil. 4 – Escape: com a válvula de admissão fechada e a de escape aberta, ocorre a exaustão dos gases resultantes da explosão. Motores baseados neste ciclo equipam a maioria dos automóveis de passeio atualmente. (Disponível em: www.mecanica.ufrgs.br/mmotor/otto.htm)
Toda essa trajetória de Daimler foi acompanhada pelo seu grande amigo e parceiro de invenções Wilhelm Maybach, que o seguiu por toda a vida. Daimler levou Maybach para trabalhar na Deutz, mas as divergências de pensamento com a diretoria da fábrica começaram a crescer. Em 1881, ele saiu da Deutz e foi estudar na Rússia. Na volta, seu objetivo é convencer Maybach a o acompanhar em sua nova empreitada, o desenvolvimento de motores estacionários movidos a petróleo. A partir daí a dupla começou a produzir motores, a fim de ultrapassar as máximas 200 rotações por minuto conseguidas até então. A base de pesquisa sempre o motor quatro tempos de ciclo Otto, mas com algumas mudanças na ignição.

Wilhelm-maybach-1900
Wilhelm Maybach

Depois de muito trabalho, em 1883, Daimler e Maybach pediram a patente de um motor de quatro tempos que atingia 600 rotações por minuto. Otto e a diretoria da Deutz não gostaram nada da idéia, pois este motor era muito semelhante aos modelos que Daimler ajudou a produzir da fabrica alemã, e a disputa da patente foi para os tribunais. A decisão da Corte Federal em favor de Daimler foi fundamental para o surgimento da primeira motocicleta.
Animados com a vitória, Maybach e Daimler construíram um motor batizado de Standuhr, que alcançava 1.2 cavalos de potência e tinha capacidade de fazer um veículo andar. Foi aí que se pensou no biciclo, veículo leve e que e adaptava muito bem a situação, além de ser de fabricação simples e barata. Essa versão da Standuhr ainda passou por uma redução, ficando com 212 cilindradas e 0,5 cavalos de potência, nas mesmas 600 rotações por minuto, sendo rebatizada de Einspur.

primeiro4[3]
Einspur

A Einspur ainda era difícil de ser conduzida, mas totalmente afinada com o propósito fundamental da dupla de inventores: movimentar o veículo pela força do motor. A Einspur possuía duas rodas laterais para manter o equilíbrio, pois o banco era muito alto e dificilmente alcançava-se o pé no chão. A transmissão era conectada a uma espécie de coroa em dois tamanhos, movimentada por cordões conectados ao guidão.
Com base nesse “veículo com máquina de potência a gasolina ou petróleo”, conforme descrição da patente, Daimler recebeu em 28 de agosto de 1885 a DRP 36423. Na manhã de 10 de dezembro de 1885, Paul Daimler (1869-1945), o filho mais velho de Gottlieb, partiu para três quilômetros de viagem, entre as cidades de Cannstatt e Unterturkheim, a uma velocidade média de 6km.h. Paul não foi muito longe, nem andou muito rápido, mas tornou-se o primeiro motociclista do planeta. (página 24 do livro Motocicleta, do autor Fausto Macieira.)
Fonte: Motocicleta, livro do jornalista e motociclista, Fausto Macieira.
por André Jordão   -   Fonte:Equipe MOTO.com.br
Equipe:MotosBR



*********************************************************************************




A História dos Motoclubes nos reserva surpresas - Motormaids
No Brasil a primeira associação fundada em 1927 foi o Moto Club do Brasil sediado na Rua Ceará no estado do Rio de Janeiro, alguns anos depois, mais precisamente em 1932 surgiu o Motoclub de Campos. E talvez seja este o mais antigo MC que se tem notícia no mundo. Lá fora, nesta época (Década de trinta) estavam surgindo moto clubes com tendência mais rígida e muitos acontecimentos vieram a expor a imagem do motociclista ao ridículo principalmente pela imprensa sensacionalista da época que acusava os motociclistas de arruaceiros, desordeiros e outros superlativos.Mais tarde, algumas produções de Hollywood serviram para incentivar verdadeiros desordeiros a criarem motoclubes e formar gangues. Tal fato fez da Década de 50’, a página negra na história do motociclismo. Mas isso está mudando, pena que ainda somos confundidos com arruaceiros que aparecem em encontros fazendo bagunça do tipo estouro de escapamento, borrachão com pneu e etc.
Moto Clube do Brasil
Mais tarde, já na Década de 60’ as motocicletas voltaram a ser tema de Hollywood com Elvis Presley, Roustabout e Steve McQueen com ‘A Grande Fuga’, uma série de filmes que chegou ao seu auge com ‘Easy Riders’. Finalmente inicia-se a mudança da imagem do motociclista com o início da sua fase romântica, que perdurou até o final da Década de 70’. Este período fixou o motociclista como ícone de liberdade e resistência ao Sistema. No Brasil, nessa época, surgiu em São Paulo-SP o Zapata MC (1963) e já no final da Década, no Rio de Janeiro, o Balaios MC (1969) grupo este que já seguia os novos padrões internacionais e o princípio de irmandade.
Antes dos Bodes, eram os maiores do BrasilA partir da Década de 70’ viu-se a implantação de diversos motoclubes pelo mundo, a maioria já seguindo o princípio de hierarquia e irmandade. No Brasil a popularização iniciou-se na Década de 90’, quando da liberação da importação pelo governo do então presidente Collor. O maior MC brasileiro era OS ABUTRES que perderam o lugar para a irmandade BODES DO ASFALTO. O maior MC do mundo é HELLS ANGELS MC (EUA – 1948) Os MCs mais antigos são, no Brasil (talvez no mundo) o Moto Club do Brasil(1927) e nos EUA são as Motormaids(1940) M.C. (isso mesmo: um MC de mulheres segundo a AMA- USA).
Os maiores do mundo
História dos MCs nos Estados Unidos – E lá fora, como começou?
Provavelmente (por que não é reconhecido pela AMA-US) o primeiro moto clube americano (USA)  apareceu após a ‘Grande Depressão’ e que se mantém vivo até hoje é o Cook Outlaws M.C. (1936). Esse grupo era radicado em Cook, cidade de Illinois e mantinha seu território até Chicago. O Cook Outlaws M.C. tornou-se mais tarde o Chicago Outlaws MC e hoje é conhecido como Outlaws Motorcycle Club ou Outlaws MC.
OutlawsO símbolo dos Outlaws M.C. era gravado na parte detrás dos coletes e consistia simplesmente no nome do clube; as vestes e os revestimentos de couro, assim como o escudo e símbolos de cada facção não existiam nessa época. É interessante notar que de acordo com o site do Outlaws M.C., o logotipo do moto clube (isto é “Charlie,” um crânio centrados sobre dois pistões e bielas cruzadas, similares a bandeira do pirata Jolly Roger) foi influenciado pelo vestuário do filme ‘The Wild One’, estrelado por Marlon Brando em 1954.
Conheça as Motormaids
Mas o motoclube mais antigo, segundo a AMA não é formado por homens, mas por mulheres! Sim,mulheres! O motoclube feminino chamado Motormaids é o que mantêm o título de moto clube mais antigo (mais de 60 anos) de acordo a American Motorcyclist Association Club– AMA, (veja a revista AMA) associação que concedeu a carta patente de motoclube mais antigo já em 1940. As Motormaids M.C. mantiveram uma identidade singular e uma estrutura hierárquica interna igual desde seu início.  E, pasmem! Ao contrário do que muita gente imagina as Motormaids M.C. são sim o motoclube (certificado e com carta patente) mais antigo inclusive que o mundialmente famoso Hells Angels M.C. que  teve origem em 1947 e mais ainda do que os OUTLAWS MC.
Os Outlaws MC, criados em 1936, reivindicaram a patente de mais antigo, mas eles realizaram duas modificações em seu nome no decorrer desse tempo e acabaram por não conseguirem provar que era o mesmo MC e, por isso, não obteve a carta patente de mais antigo MC do mundo segundo a AMA americana. Portanto, marmanjos, o MC mais antigo da América do Norte é formado por mulheres motociclistas. E nunca mais fale que moto não é coisa de mulher, ok?
A campanha da imprensa americana contra os MCs
Como se formou a imagem ruim dos motociclistas perante a opinião pública
Associação Americana de Motociclismo
Muitos atribuem a um filme, mas o fato que gerou todo esse preconceito contra motociclistas e MCs teve início a partir de um incidente. Tal fato acabaria definitivamente com a onda e a imagem dos MCs bonzinhos. O fato aconteceu em Hollister, Califórnia, em 4 de julho de 1947. Esse episódio foi tema de uma distorcida reportagem feita pela Revista Life onde ela misturou o novo perfil dos motociclistas ao incidente e fez com que os motoclubes não ligados a AMA ganhassem popularidade.
Naquela época, apenas os membros da AMA recebiam o certificado de motoclube o que dava permissão de competir em provas de velocidade. O mundo da competição era um fator determinante para a formação e difusão dos motoclubes nos EUA. A AMA era responsável pelas regras relativas aos seus membros, pela segurança nas corridas, bem como pela ‘imagem familiar’ que os eventos necessitavam ter para a venda de ingressos.
Em 4 de julho de 2007, uma falha de organização dentro da AMA provocou um pequeno incidente em Hollister, Califórnia e depois dele a imagem dos motociclistas não seria mais a mesma. Nesse fim de semana, ocorreu o encontro de vários motoclubes, incluindo Pissed Off Bastards of Bloomington (POBOB) e os Boozefighters Motorcycle Clubs, todos atraídos pelas corridas anuais que a AMA promovia por todo os EUA. Como estes eventos eram considerados de primeira linha, uma legião de motociclistas, membros de moto clubes ou não, se faziam presentes. Naquele dia uma mistura de álcool e adrenalina resultou em incidentes. Membros de moto clubes e não membros passaram a competir pelas ruas da cidade, regados a grande quantidade de cerveja. A confusão produziu pequenos incidentes, entre eles dano ao patrimônio e atentados ao pudor, mas nada parecido com “um cerco à cidade”, como a revista Life noticiou.
A dúvida sobre o que realmente aconteceu em Hollister sempre existirá, pois a maior parte das pessoas que viveram aquele final de semana já faleceu e por isso a verdade nunca apareça. As reportagens da época retratam Hollister como uma cidade tipicamente interiorana que foi abalada pela chegada de ‘motoqueiros arruaceiros’ que fizeram da cidade um pandemônio, no entanto, há registros de que Hollister já havia recebido outras corridas de motocicletas, inclusive a própria Gypsy Tour, em 1936. Com isso, pode-se afirmar que a cidade calma foco das reportagens, também não é verdadeira. O certo é que anos mais tarde, também em Hollister, por muito pouco, outra confusão não aconteceu. Em 1997 tentaram comemorar o aniversário de 50 anos do incidente, mas não deu muito certo, pois, de novo, a cidade não tinha capacidade de receber milhares de motociclistas.
EUA, 04 de julho de 1947, Hollister, Califórnia – O dia em que tudo mudou
A foto que escandalizou a AméricaO incidente ocorrido em 04 de julho de 1947 em Hollister, Califórnia (USA) pode ser atribuído a um erro de cobertura de imprensa e a um texto sensacionalista que tinha como objetivo vender mais jornais (prática da época). De acordo com relatos, Barney Peterson, um fotógrafo do San Francisco Chronicle, publicou a foto de um motociclista bêbado equilibrando-se precariamente sobre uma motocicleta Harley-Davidson, cercado por cascos de cerveja quebrados e segurando uma cerveja em cada mão com a seguinte manchete: “e assim, a América”
O San Francisco Chronicle exagerou quando, no artigo, afirmava que “motociclistas realizavam competições em todas as ruas e entravam com suas motocicletas dentro de bares e restaurantes”.  Para piorar este episódio a revista utilizou palavras como “terrorismo” e “pandemônio”. Também afirmavam que as mulheres que acompanhavam os motociclistas eram qualquer coisa, menos “senhoritas americanas”.
O artigo serviu para insuflar os ânimos na região e logo apareceram os primeiros desentendimentos que resultaram até em morte. A revista Life, em 21 de julho de 1947, aproveitando o momento, publicou um artigo usando a mesma foto do motociclista bêbado com o seguinte título: “Ele e os seus amigos aterrorizam a cidade” (Cyclist’s Holiday: He and Friends Terrorize Town). O artigo afirma que “quatro mil membros de um moto clube eram responsáveis pelo tumulto.” Mais do que um exagero essa afirmação era uma deslavada mentira, pois nenhum motoclube havia conseguido juntar, pelo menos a metade desse número, naquela época.
Bastaram apenas 115 palavras colocadas logo abaixo de uma imagem gigantesca de um motociclista bêbado para causarem tumulto por todo país. Alguns autores afirmaram que a AMA liberou para imprensa uma nota que desmentia a sua participação no evento de Hollister e indicava que 99% dos motociclistas eram pessoas de bem, cidadãos cumpridores da lei, e que os clubes de motociclistas da AMA não estiveram envolvidos na baderna. Porém a Associação Americana do Motociclista não tem nenhum registro de tal nota.  A revista Life publicou o comentário de pelo menos de três pessoas, uma delas era Paul Brokaw, um proeminente editor de um periódico chamado Motorcyclist.  Brokaw ‘detona’ a Revista Life considerando que a imagem publicada era totalmente descabida e mentirosa.
A íntegra da carta do editor à LIFE
Brokaw, em carta ao editor da Life destaca sua indignação com a forma pela qual o fato fora tratado pela revista:
“Senhores,
As palavras mal servem para expressar meu choque ao descobrir que o retrato do motociclista foi obviamente preparado e publicado por um fotógrafo interesseiro e sem escrúpulos.
Nós reconhecemos, lamentavelmente, que houve uma desordem em Hollister – não ato de 4.000 motociclistas, mas de um por cento desse número, ajudada por um grupo de não motociclistas apostadores. Nós, de forma alguma, estamos defendendo os culpados – de fato é necessária uma ação drástica para evitar o retorno de tais comportamentos.
Entretanto, vocês devem entender que a apresentação dessa foto macula, inevitavelmente, o caráter de 10.000 homens e mulheres inocentes, respeitáveis, cumpridores das leis e que são os representantes verdadeiros de um esporte admirável.”
Paul Brokaw
Editor, Motorcyclist
Los Angeles, Calf.
Enquanto os motociclistas comuns e as moto-organizações estavam tentando se distanciar do ocorrido em Hollister, clubes como o Boozefighters buscaram se enquadrar a ele. Assim, o evento de Hollister de 1947 era o que faltava para a consolidação dos motoclubes não alinhados a AMA, ou seja, os “Outlaw Motorcycle Clubs”. Vale ressaltar que estes MCs nunca pertenceram a AMA, logo não foram banidos ou coisa parecida como alguns informam.
Entre 1948 e princípios dos Anos 60’ os clubes de motociclistas (não aliados a AMA) se espalharam para fora da Califórnia estabelecendo um novo capítulo na história do motociclismo nos Estados Unidos. Outlaws Motorcycle Clubs tais como os Sons of Silence Motorcycle Club, surgiram no meio oeste, os Bandidos Motorcycle Club, no Texas; os Pagans Motorcycle Club, na Pennsylvania; entre outros. Durante este período, vários membros do Pissed Off Bastards of Bloomington saíram do seu clube e formaram a primeira versão dos Hells Angels Motorcycle Club (HAMC). No mesmo período, os Boozefighters, um dos Outlaws Motorcycle Clubs originais, iniciou o declínio no número de membros.
O Vietnam e os “Bebês Assassinos”
Um ponto significativo na evolução dos motoclubes 1%
O conflito do Vietnam (1958-1975) pode ser visto como um dos fatos mais recentes que contribuíram para o aumento dos Outlaws Motorcycle Clubs. Se o retorno dos veteranos da 2ª guerra foi um fator que auxiliou na formação desses motoclubes, o conflito do Vietnam foi à pólvora que faltava para explodirem. Veteranos desse conflito eram humilhados pela população em geral. Chegaram a ser rotulados de “bebês assassinos”. Alguns receberam cusparadas e xingamentos nos aeroportos e, muitas vezes, foram recusados em bons empregos, isso após “terem cumprido com o seu dever” para com o país.
No meio dessa confusão surgem os motoclubes 1%. Eles emergem em uma escala nacional tendo como suporte o surgimento dos Outlaw Motorcycle Clubs. Para concretizar este nascimento, os clubes dominantes da época foram além. Observando a declaração atribuída a AMA (de que os arruaceiros eram apenas 1%), buscaram para si a responsabilidade de fazer parte daquele 1% que foi apontado em Hollister. Assim, criaram a organização sem regras explícitas, não alinhada a AMA, ou seja, assumidamente Outlaw Motorcycle Club e passaram a se identificar por meio de um emblema em forma de diamante com a inscrição 1%. Concordaram também em estabelecer limites geográficos ao qual cada MC teria domínio.
Um ponto significativo na evolução dos motoclubes 1% se evidenciou no verão de 1964 na Califórnia. Nesta época, dois membros do Oakland Hells Angels Motorcycle Club foram presos e acusados de terem estuprado duas mulheres em Monterey, no entanto, pouco tempo depois foram liberados, devido a insuficiência de provas. Esse episódio foi à desculpa que faltava para que o governo do estado da Califórnia voltasse os olhos para os outlaw motorcycle clubs. Ainda em 1964, o senador Fred Farr exigiu uma investigação imediata sobre os estas organizações, encargo que ficou sob a responsabilidade do general Thomas C. Lynch.
Uma tradição que está perto de completar 100 anosDuas semanas mais tarde iniciaram-se as investigações. No ano seguinte, o General Lynch liberou ao público um relatório que esmiuçava as atividades dos outlaw motorcycle clubs tais como os Hells Angels. O relatório de Lynch pode ser considerado como a primeira tentativa de se classificar os clubes de motocicleta como um perigo para a comunidade e para o estado, entretanto, se resumiu em afirmar que essas organizações possivelmente cometiam crimes como sedução de jovens inocentes, estupro e pilhagem em pequenas cidades. O relatório foi largamente contestado, até mesmo dentro das organizações do estado. A imprensa, no entanto, percebendo que a história dos Outlaw Motorcycle Clubs vendia bem passou a publicar diuturnamente o lado negativo dessa organização. Talvez Andrew Syder seja o que melhor esboçou o efeito do relatório de Lynch. Segundo ele, o relatório moldou o conceito de motoclube na opinião do cidadão americano de forma negativa. Essa afirmação pode ser compreendida quando se observa os noticiários da época e ainda os dos tempos atuais. Nada, ou pouco mudou.
Os motoclubes ainda são a melhor forma de expressar o motociclismo estradeiro, mas é bom lembrar que todas as corridas que hoje vemos mundo afora começaram com eventos promovidos pela AMA-USA. Tais eventos foram os precursores de tudo o que vem a ser o mercado de motos hoje. Os motoclubes podem até perder o seu pique de crescimento, mas nunca vão perder o glamour.
Não é demais lembrar que uma das mais geniais jogadas de marketing da história do motociclismo foi feita pela Honda quando ela entrava no mercado americano. Honda modificou a forma de se comercializar motocicletas nos EUA, acabando com o sistema de consignações e fazendo com que o americano com cara de good boy trocasse o carro por uma scooter japonesa. Não satisfeito, Honda obteve as primeiras colocações vendendo motos e carros na terra da Harley Davidson e de Henry Ford. O anúncio, oportuno para a época, falava que você encontrava gente bonita numa Honda.
Antes de Honda as oficinas americanas usavam o sistema de consignação e abriam aos fins de semana. Honda mudou isso para o modelo que hoje ainda vigora. Mas nunca é demais lembrar que tudo isso passou a contecer quando alguém decidiu criar um clube de consumidores de motos e acessórios chamado – motoclube.

MATÉRIA DO: http://www.motonline.com.br/noticia/