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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Mad Max: Estrada da Fúria



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Antes de mais nada, vamos deixar uma coisa clara: se você é fã da trilogia original, vá ao cinema neste final de semana assistir ao filme Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road, em inglês).
Você não vai se arrepender. Simples assim.
Eu sei que já chamei o primeiro filme da série de supervalorizado anteriormente, mas gosto dele. E considero os dois Mad Max seguintes filmes antológicos, que fazem parte do inconsciente coletivo de qualquer pessoa que, como eu, cresceu nos anos 80 imaginando um futuro caótico e desesperançoso, alimentando pelo medo de um holocausto nuclear que parecia pairar sobre todos nós.
Mad Max Fury Road é o novo benchmark para os filmes pós-apocalípticos. Ele fez para os filmes de ação o que o Soldado Ryan fez para os filmes de guerra. O filme é sujo. É intenso. É absurdo. É surreal. E é tudo o que um fã da série espera.
São duas horas praticamente ininterruptas de perseguição, com poucos diálogos e, mesmo assim, o filme tem uma riqueza de detalhes que acabam explicando todo aquele universo.
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Isso se deve ao diretor George Miller que, aos 70 anos de idade, deu um cacete nos diretores mais novos e descolados, e criou algo inovador sem precisar usar nenhuma tendência da moda. Um feito impressionante em um mundo que parece valorizar apenas a novidade, e que considera coisas de poucos anos atrás como velhas.
Já o ator principal, Tom Hardy, encarnou um novo Max, que finalmente faz jus ao apelido de Mad. Sim, todos amamos Mel Gibson nesse papel, mas Tom trouxe algo de novo. O fato dele já ter se afundado nas drogas, e ter dito que teria vendido a mãe por crack, mostra que o cara pode interpretar a loucura com propriedade.
As referências aos filmes anteriores estão todas lá, algumas discretas outras descaradas. O Master-Blaster em uma versão mais sutil e grotesca, parte de um casting que não hesitou em escalar pessoas com severas deficiências físicas. A caixinha de música. O Interceptor V8. A jaqueta. Os olhos saltando para fora das órbitas antes de uma batida.
E a cereja do bolo foi o excelente vilão, Immortan Joe, interpretado por Hugh Keays-Byrne, o mesmo ator que fez o Toecutter no primeiro filme da série, 30 anos atrás. Um vilão que consegue ser tão assustador, quanto surreal.
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Até a Charlize Theron foi uma surpresa, interpretando uma personagem mutilada que faz você esquecer que está vendo a mesma atriz que costuma aparecer cheia de glamour anunciando perfume Francês na TV a cabo.
O filme é absurdo como só um filme australiano dos anos 80 poderia ser, mas com efeitos especiais e direção de arte do século 21. Aliás, efeitos especiais muito bem utilizados, diga-se de passagem, já que boa parte da ação foi feita com dublês e carros de verdade. Todos os veículos em cena funcionam plenamente, e são tão modificados que fica difícil dizer qual era o que antes (até uma Bonneville fez uma participação especial).
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O filme explode de tanta loucura. É uma sessão insana e ininterrupta de ação, com direito até a carro carregando trilha sonora para ditar o clima da batalha. Nada faz sentido, mas ao mesmo tempo, faz todo o sentido em um mundo como aquele. E no meio de todo o absurdo, você começa a entender aquela loucura e, quando menos espera, é empurrado para dentro dessa insanidade por um V8 cuspindo gasolina pelo carburador e soltando fogo pelo escape.
Não é a toa que o filme ficou parado na distribuidora por alguns anos antes de ser lançado. Em um mundo politicamente correto e limpinho como o de hoje, é preciso ter culhões para se aprovar o lançamento de um filme que brinca com o grotesco, mas sem perder a classe.
Não importa se a sala é XD, iMax, 4D ou qualquer outro nome do tipo: escolha a sala com a maior tela e o som mais potente possível e prepare-se para ver o mundo tremer.
E saia um pouco mais Mad do que você entrou.
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Mad Max: Estrada da Fúria

Classificação indicativa: 16 anos
Elenco
Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult, Zoë Kravitz, Rosie Huntington-Whiteley, Nathan Jones, Riley Keough, Josh Helman, Hugh Keays-Byrne, Debra Ades, Megan Gale
RoteiroGeorge Miller, Brendan McCarthy, Nick LathourisDireção
George Miller
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MATERIA: http://olddogcycles.com/